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Bíblia, Literatura e Recepção

“Após o abandono da crença em Deus, a poesia é aquela essência que toma seu lugar como redenção da vida”, lembra Terry Eagleton ao citar o poeta Wallace Stevens. Mas se a essência é a própria expressão da beleza, então a Bíblia não deveria ser a fonte primeira, a síntese de tudo, na qual reside a beleza e a salvação? Os capítulos reunidos nesse belíssimo livro, organizado por João Leonel, abrem novas veredas para essa questão aparentemente insolúvel da fé e da fruição por meio da leitura bíblica. Ou, melhor dizendo, da palavra que assume a vocação salvacionista, capaz de conduzir o leitor/ouvinte a uma experiência mística, embora não se descuide de seu valor estético. Reside, talvez, nessa aparente dualidade – fé/fruição – o fascínio que os leitores ateus da Bíblia despertam, particularmente quando o trato com a palavra constitui sua profissão de fé.

O maior mérito de Bíblia, Literatura e Recepção consiste em extrair da Palavra o seu valor estético, a sua beleza, reafirmando, outrossim, a fé, a esperança e o amor na obra humana. E se o lapso que separa o tempo da produção dos textos do tempo de sua recepção não raro força a análise ao limite do anacronismo, este parece um risco necessário para aqueles que desejam manter viva a leitura da Bíblia.
[Marisa Midori Deaecto]

Coedição: Editora Mackenzie

Para Estudar a Bíblia

Os estudos bíblicos no Brasil e na América Latina contam hoje com muitos especialistas antenados com as vanguardas da pesquisa internacional. Neste volume nos encontramos com autoras e autores de uma geração de exegetas formados e atuantes no Brasil, docentes, a maioria, de teologia e ciências da religião.

Quanta diferença de três décadas atrás, quando ainda se faziam necessários professores missionários estrangeiros para cobrir uma enorme lacuna de quadros. Mas não se trata apenas de quadros para formação. A exegese bíblica brasileira conta com abordagens que dialogam com seu contexto cultural, com sua sociedade e sua religiosidade. Trata-se de uma interpretação bíblica forjada na relação com nossa realidade. Arrojo técnico e acadêmico se alia a uma sensibilidade para com o complexo contexto religioso brasileiro.

A Bíblia em 3D. Um Livro, Três Olhares.

Neste livro queremos exercitar um olhar múltiplo sobre a bíblia. Temos consciência de que, em geral, a interpretação das escrituras é uma prática individual e solitária, pelo menos em nível acadêmico ou próximo dele. é exatamente essa constatação quenos desafiou a construirmos um caminho oposto, alternativo. O tempo dirá se conseguimos desenvolver algo que seja útil e proveitoso.queremos praticar a interdisciplinaridade tão falada, mas pouco praticada na área teológica.

Nós, autores, possuímos formação bíblica em comum, mas especificações diferenciadas a partir de nossas áreas de interesse e elas guiarão nossos diálogos. Júlio zabatiero abordará os textos a partir de um olhar semiótico; paulo nogueira dará maior atenção à recepção dos textos, e joão leonel comentará a partir de teorias literárias e narrativas.a partir dessa abordagem é nosso desejo, cônscios de que cada um de nós não consegue abarcar a totalidade da complexidade dos conteúdos bíblicos individualmente, apresentar um trabalho coletivo e solidário de interpretação este livro segue uma ordem determinada.

Um dos autores propõe um texto bíblico ou tema, que é comentado pelos demais e a partir daí alimenta-se o diálogo. Terminados os comentários, outro colega apresenta novo texto ou tema e inicia-se novamente a conversa. Na parte final, priorizamos um outro formato: a escolha de um livro, e não apenas uma temática ou perícope.

Bíblias de Estudo no Brasil. Leituras e Leitores

A Bíblia é o livro mais lido e o mais estudado em todos os tempos. Desde a origem dos primeiros manuscritos há milênios, oriundos de tradições ainda mais antigas, até aqueles mais recentes incorporados ao Novo Testamento, tais textos têm sido escrutinados e analisados minuciosamente, palavra por palavra, em busca de sentidos teológicos, alegóricos, morais, literais, literários etc.

Bíblias de estudo no Brasil. Leituras e leitores trata dos processos editoriais na produção de bíblias que, em suas materialidades – sejam elas em papel ou em tela – interagem com leitores, com vistas à produção de determinados sentidos. Para tanto, os aspectos materiais da confecção das “bíblias de estudo” recebem ênfase, uma vez que se tornam participantes da construção de modos de recepção e compreensão dos textos sagrados. Elementos externos como capa, formato e dimensão do livro; características internas como papel e textura; aspectos textuais como introduções aos livros bíblicos, notas cruzadas, notas de rodapé etc. são aqueles que atraem a atenção dos autores desta obra.

Várias abordagens foram utilizadas na produção desta obra (história do livro, história da leitura, história das edições da Bíblia e conceitos como paratexto, hipertexto, ideologia, dialogia e gêneros do discurso), envolvendo vários aspectos do estudo da Bíblia que por vezes são desconsiderados. Esperamos que os leitores possam enriquecer seus estudos sobre a Bíblia e suas diversas edições, com a humildade de reconhecer que este livro continuará a cativar leitores e despertar leituras por muito tempo.

Diálogos entre a Fé e a Vida

“Após o abandono da crença em Deus, a poesia é aquela essência que toma seu lugar como redenção da vida”, lembra Terry Eagleton ao citar o poeta Wallace Stevens. Mas se a essência é a própria expressão da beleza, então a Bíblia não deveria ser a fonte primeira, a síntese de tudo, na qual reside a beleza e a salvação? Os capítulos reunidos nesse belíssimo livro, organizado por João Leonel, abrem novas veredas para essa questão aparentemente insolúvel da fé e da fruição por meio da leitura bíblica. Ou, melhor dizendo, da palavra que assume a vocação salvacionista, capaz de conduzir o leitor/ouvinte a uma experiência mística, embora não se descuide de seu valor estético. Reside, talvez, nessa aparente dualidade – fé/fruição – o fascínio que os leitores ateus da Bíblia despertam, particularmente quando o trato com a palavra constitui sua profissão de fé.

O maior mérito de Bíblia, Literatura e Recepção consiste em extrair da Palavra o seu valor estético, a sua beleza, reafirmando, outrossim, a fé, a esperança e o amor na obra humana. E se o lapso que separa o tempo da produção dos textos do tempo de sua recepção não raro força a análise ao limite do anacronismo, este parece um risco necessário para aqueles que desejam manter viva a leitura da Bíblia.
[Marisa Midori Deaecto]

Coedição: Editora Mackenzie